A
Barragem de Mirorós no munícipio de Ibipeba está secando: Embora tenha
capacidade para 176 milhões de metros cúbicos de água, reúne hoje menos de 30
milhões .
Os 95
quilômetros de estrada acidentada, onde se revezam asfalto, terra batida e
buracos, logo tratam de apresentar a barragem de Mirorós, para quem tenta chegar
até ela a partir do município de Irecê, na Bahia. Encravada no sertão do estado,
a quase 600 quilômetros de Salvador, o reservatório - que oficialmente atende
por 'Barragem Manoel Novaes' - toma de empréstimo o nome do distrito de
irrigação que foi criado com sua construção. A situação ruim da via que leva a
Mirorós passou muito tempo sendo a prioridade das reivindicações locais. Mas a
água - ou a falta dela - urgiu. O que tem tirado o sono das cerca de 150
famílias que sobrevivem das atividades nos lotes, espalhados por 2,1 mil
hectares, é o regime de chuvas, que não tem colaborado para a reposição de água
no reservatório nos últimos três anos. Embora a capacidade da represa seja de
176 milhões de metros cúbicos, ela reúne hoje parcos 31 milhões de metros
cúbicos. Cerca de 150 famílias vivem das atividades rurais nos lotes do
perímetro irrigado de Mirorós .
Localizada às
margens do rio Verde, afluente do rio São Francisco, a barragem de Mirorós se
estende entre os municípios de Ibipeba e Gentio do Ouro .
Construída pela
Companhia do Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf),
em 1984, tinha como objetivo atender à irrigação e promover a geração de
energia. Mas logo passou a ser responsável também pelo abastecimento humano em
Irecê, que vivia à base de água salobra, proveniente de poços. Anualmente,
Mirorós produz 54 mil toneladas de frutas, o que movimenta R$ 40 milhões e gera
6 mil empregos. Um lote de cinco hectares na região está avaliado em R$ 100 mil.
'A maioria dos irrigantes já construiu sua casa, tem carro ou moto, possui um
bom padrão de vida. E, de uma hora pra outra, podem ficar sem tudo isso',
adverte Paulo Henrique Santos de Araújo, gerente executivo do Distrito de
Irrigação do Perímetro Irrigado de Mirorós (Dipim), órgão que administra a área
de cultivo.
A incerteza
quanto à água acabou inibindo investimentos no perímetro. "Temos 520 hectares
prontos para serem irrigados, mas que não estão recebendo água. Há vários
agricultores que estariam automatizando sistemas de irrigação e desistiram. Os
tratos culturais já foram diminuídos. Estamos estudando a viabilidade da
construção de poços, mas a angústia é geral", afirma Araújo. O que será do
futuro ainda é uma incógnita para Edmar Dourado. Nascido em Irecê, aventurou-se
da contabilidade ao comércio, até se render à lida com a terra. De início, foi
para Mirorós investir em banana, mas logo apostou em goiaba, mamão, manga e
pinha, em 40 hectares. A produção é encaminhada para cidades do Nordeste,
especialmente Salvador, Recife e Aracaju. Hoje, Dourado colhe por ano 50
toneladas de banana por hectare - média alta, em comparação com os demais polos
de produção da fruta no país. Em clima de expectativa, o produtor não tem nenhum
plano engatilhado. 'Viemos com a intenção de morar e produzir em Mirorós. Tenho
amor por esse lugar. Se a barragem não se recuperar, será uma tristeza total',
lamenta o agricultor.
*COMENTÁRIO DO LEITOR EDUARDO DE IBIPEBA-BA AQUI NO BLOG XIQUESAMPA: "Apesar das diferentes materias
realizadas nos jornais locais, a historia de miroros nao mudou nada, ainda
continua o descaso por parte das autoridades, sem o minimo interesse em resolver
o problema, o que vai acontecer com os mais de 6.000 trabalhadores que
sobrevivem de miroros"? Comentário feito pelo autor em 25/05/2010
.
BLOG XIQUESAMPA RESPONDE: "Oi Eduardo,
realmente mais de 6.000 trabalhadores serão afetados com a seca do Mirorós, olhe
pra esses dados: Embora a capacidade da represa seja de 176 milhões de metros
cúbicos, ela reúne hoje "parcos" 31 milhões de metros cúbicos. Cerca de 150
famílias vivem das atividades rurais nos lotes do perímetro irrigado de Mirorós.
Anualmente, Mirorós produz 54 mil toneladas de frutas, o que movimenta R$ 40
milhões e gera 6 mil empregos. A conclusão da adutora do Feijão
vai salvar um pouco a região que necessita do Mirorós, por outro lado colaborará
afetantemente mais ainda para a destruição e morte do Rio São Francisco, é como
tirar sangue de quem já morto. O Velho Chico precisa urgente de uma
revitalização severa, o que acontece com a Barragem de Mirorós mostra o descaso
práticado por nossos representantes que deixam para última hora a chegar nesta
situação, agora querem encontrar soluções para este grande próblema crônico, que
além da seca, a erosão tanto terrestre como éolica e o intemperísmo contribuem
para a morte precoce do Mirorós". Resposta ao comentário acíma no dia 29/05/2010. Abraço à todos Ibipebenses, Adriano Britto .
TEXTO : ADRIANO BRITTO & MARIANA CAETANO .
FOTOS : ERNESTO DE SOUZA .
FONTE : XIQUESAMPA E GLOBO RURAL .