17/12/2017

COMUNIDADES DE GENTIO DO OURO-BA TÊM TERRAS INVADIDAS.

Empresas exploradoras de potenciais eólicos são apontadas como invasoras de terras em oito comunidades no município de Gentio do Ouro/BA, dentre elas, as terras de Itabira, em Desterro. Providências legais estão sendo tomadas. “No que depender de nós, vereadores, ninguém tirará essas terras de seus verdadeiros donos; estamos com o povo”, disse o vereador Welington Alves de Souza. Cresce a cada dia, no Brasil, a demanda por áreas com fortes potenciais eólicos, e as brigas entre empresas exploradoras dessas áreas vêm aumentando consideravelmente. A Bahia, hoje, é um dos estados mais visados por essas empresas, e como exemplo pode-se citar dois grandes parques eólicos localizados nos municípios de Xique-Xique e Gentio do Ouro, além de outros nos municípios de Itaguaçu da Bahia, e Irecê. A busca desenfreada e meramente capitalista de empresas por terras com potenciais eólicos vem tirando o sossego de muita gente, principalmente dos menos favorecidos, a exemplo de pequenos agricultores no interior do Estado.

Recentemente, a Câmara de Vereadores do município de Gentio do Ouro, com incentivo do atual prefeito Robério Cunha, repudiou atitudes de duas empresas que tentam se apossar – grilagem – de 54.969,53 ha de terras envolvendo oito povoados de Gentio do Ouro. A área que sofre indícios de grilagem corresponde a quase 18% das terras do Município, que é de 367.123,70 ha. As empresas J. Torquato – Comércio e Indústria S.A, e Codajas Incorporações e Administrações S/C LTDA alegam possuir imóveis no Município. A J. Torquato diz ser dona de uma área de 22.535,60 há, com o nome de Itabira; já a empresa Codajas alega ter dois imóveis (10.343,49 ha, e mais 22.090,44 ha), ambos denominados de fazenda Tingui. As atitudes das referidas empresas tem desagradado, e muito, moradores das comunidades de Desterro, Riacho do Cedro, Riacho do Gregório, Mineiro, Itapicuru, Silvério, Barreiro Preto, e Macacos. As empresas forasteiras estão se ocupando dessas terras de modo irregular, o que caracteriza grilagem. Picadas e variantes estão sendo usados para demarcar terras que há mais de três séculos fazem parte dos povoados mencionados. As áreas enunciadas pelas empresas abrangem povoados inteiros – escolas, postos de saúde, praças, cemitérios, estradas vicinais e pontos turísticos, a exemplo do balneário Escorrega.

MOÇÃO DE REPÚDIO:

No cumprimento de seus deveres, os vereadores do município de Gentio do Ouro, em apoio às comunidades que tiveram suas terras invadidas, teceram manifesto:

“Nós, vereadores do município de Gentio do Ouro/BA, presentes na reunião Ordinária, apresentamos nossa solidariedade e compromisso com os munícipes, em especial, aos produtores rurais que estão tendo suas áreas usurpadas em nome da especulação imobiliária; e [como] se não bastasse das inúmeras adversidades a que está submetido o povo sertanejo, ainda precisa enfrentar a má fé de aventureiros. [Assim], externamos moção de repúdio pelas práticas nefastas e abomináveis das empresas J. Torquato, e Codajas”, diz trecho da moção de repúdio entregue à redação do Pagina Revista pelo vereador Welington Alves de Souza.

Para tratar da questão, na última quinta-feira, 14/12/2017, aconteceu na Câmara de Vereadores encontro com moradores das referidas comunidades, vereadores e representantes das empresas envolvidas. Outro encontro deve acontecer em breve.

*No Brasil, grilagem de terras é a falsificação de documentos para, ilegalmente, tomar posse de terras devolutas ou de terceiros, bem como de prédios, e outros.

Curiosidade: O termo grilagem tem origem no antigo artifício de se colocar documentos novos em uma caixa com grilos, fazendo com que os papéis ficassem amarelados (em função dos dejetos dos insetos) e roídos, conferindo-lhes, assim, aspecto mais antigo, semelhante a um documento original.

 FONTE: JORNAL PÁGINA REVISTA.

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