03/06/2022

PREFEITOS DE XIQUE-XIQUE: CORONEL FRANCISCO XAVIER GUIMARÃES, O POPULAR "CHICO CABOJE".

Entre os vários personagens Xiquexiquenses, destacou-se o mestre Chico ou Chico Caboje! Além da conquista da Escola Reunidas Cezar Zama, trouxe também a Caldeira e em sua na sua humilde residência alfabetizou muitos conterrâneos até o dia da sua morte em 08 de setembro de 1968. (Vide Crônica publicada no Blog Xique-Xique de Juarez Chaves). Segundo nosso pesquisador Cassimiro Machado Neto, no ano de 1865, o Dr. Luiz Antônio Barbosa de Almeida, que na época era o presidente da província da Bahia, no mandato de de 3 de novembro de 1864 a 2 de maio de 1865, onde ele enviou correspondência a câmara de vereadores de Xique-Xique indagando, entre outras coisas, se existia alguma casa disponível na sede municipal para instalação de uma escola”, desejoso que estava de instalar escolas em alguns importantes municípios baianos, inclusive Xique-Xique, que era uma jovem cidade com apenas 33 anos de emancipada, e até aquela data sem escola pública. Não abdicando de fazer, se a província lhe empresta-se a quantia de hum mil réis, para comprar o terreno. E, assim, não perderíamos a oportunidade de ouro de contar, ainda no século XIX com uma Escola Pública. Ante o exposto as novas gerações podem inferir a grande alegria que tomou conta da população de Xique-Xique, quando o então Prefeito, Cel. Francisco Xavier Guimarães, no exercício do seu terceiro mandato (1933/1938), elegeu como prioridade do seu governo a construção de uma escola estatal para que os seus conterrâneos pudessem dispor de uma educação formal e eficaz. 

Somente o fato de o Cel. Chico Xavier mostrar-se interessado em construir uma escola pública na sede do Município, já era motivo de muito júbilo para a população, pois, o povo já conhecia de sobra o caráter impetuoso e tenaz do ilustre político, em conseguir, a qualquer custo, aquilo que programava para melhorar a vida dos seus comandados. Todos conheciam a forma como o Coronel Prefeito havia introduzido, no ano de 1936, a energia elétrica em Xique-Xique com a utilização de uma caldeira a vapor. Apesar de o município de Xique-Xique ser um dos maiores da Bahia, com seus 13.000 km², era escassamente povoado com menos de 5.000 habitantes na sede e, acreditava o Prefeito Chico Xavier que uma pequena escola com 4 salas de aula era mais do que suficiente, para atender à demanda da cidade. Tinha conhecimento, contudo, que mesmo pequena o erário não dispunha de recursos financeiros para construir a escola e contava para cumprir a sua promessa de campanha com a ajuda do governador da Bahia, na época representado pelo seu amigo pessoal Ten. Juraci Montenegro Magalhães, motivo pelo qual começou a planejar uma audiência com o primeiro mandatário do Estado. Conseguida a audiência o Cel. Chico Xavier embarcou para Salvador e no dia marcado apresentou-se no Palácio da Aclamação para se entrevistar com o seu amigo Governador.

Feitos os cumprimentos rituais o prefeito, sem perda de tempo, iniciou a exposição do seu pleito, vez que era não só a coisa mais importante do seu governo mas também o único motivo que o fez enfrentar uma longa viagem em dois turnos, o primeiro de vapor até Juazeiro (BA) e o segundo de trem até Salvador: a construção de uma escola primária para Xique-Xique. Não obstante a ansiedade por estar de frente para o primeiro mandatário e falando sobre o assunto que achava mais importante, o Cel. Chico Xavier foi muito feliz na exposição do seu pleito, vez que fora feito de forma clara e objetiva. Após ouvir o prefeito com a máxima atenção o presidente da Bahia cassou todas as esperanças do prefeito ao afirmar que os cofres do governo estadual não dispunham de verbas para a construção de escolas. Para o Cel. Chico Xavier essa era a única resposta que tinha certeza não lhe seria dada. Jogara todas as suas fichas não só na amizade pessoal com o Governador mas também na convicção de que o Governador seria sensível haja vista a importância que uma escola teria para Xique-Xique. Foi, talvez a sua maior decepção na política.

Mas, como voltar de mãos abanando para Xique-Xique após haver criado uma grande expectativa no povo sobre a viabilidade de conseguir os recursos para a construção da escola? Mas, não titubeou. A escola dos seus sonhos seria construída nem que tivesse de lançar mãos dos seus recursos próprios. Reunindo todas as forças o prefeito reiniciou o caminho de volta e, após 15 dias ausente desembarcou de um vapor no porto da cidade, totalmente desapontado e silencioso. Todo o povo sentiu o tormento do prefeito e se sensibilizou com o seu sofrimento. Decidiram então, inclusive os oposicionistas, dar todo o apoio ao Cel. Chico Xavier para a construção da escola municipal, pois isso era um sonho centenário de todos. Conformado, confortado e revitalizado pelo apoio recebido o Cel. Chico Xavier decidiu que iria tentar construir a escola através de um mutirão com o povo da cidade. A Prefeitura entraria com o terreno, que foi escolhido na Av. J.J. Seabra, e o povo entraria com os recursos que cada um pudesse disponibilizar.

Com a população totalmente motivada e mobilizada a obra começou e, as paredes já estavam sendo levantadas quando o estafeta dos correios correu para a Prefeitura com um telegrama na mão, destinado ao prefeito. Ao lê-lo o prefeito abriu um largo sorriso e, em voz alta exibiu o texto para todos os presentes. O telegrama do Governador do Estado, informava-lhe que conseguira a verba para a construção da escola pública em Xique-Xique e que o numerário estava à disposição da Prefeitura. Segundo o telegrama, dentro de poucos dias estaria chegando à cidade uma equipe de profissionais e todo o material necessário para a conclusão da obra. Dentro de poucos meses foi concluída a construção de um prédio, de bela arquitetura, com 4 salas de aulas e marcada a data de inauguração para o dia 7 de setembro de 1937. Para patrono da escola foi escolhido o nome de César Zama, grande educador baiano e o prédio seria batizado como “Escolas Reunidas César Zama”. Até hoje, arquitetonicamente, é a escola mais bonita da cidade, no que pese já contar com  85 anos de funcionamento. Para os moradores mais velhos, a Escolas Reunidas César Zama, ficou conhecida como "O PRÉDIO". O Cel. Francisco Xavier vibrava de alegria por poder oferecer ao povo a concretização do seu sonho. Os primeiros e bons mestres levaram conhecimento aos nossos alunos como as Professoras Zilda Rodrigues de Andrade (Profa. Divininha) e a Professora Onezinda Teixeira da Rocha. 

Adaptação e informações: Adriano Brito/Juarez Chaves e Cassimiro Machado Neto.

FONTE: XIQUESAMPA/BLOG XIQUE-XIQUE DE JUAREZ E LIVRO SENHOR DO BONFIM E BOM JESUS DE CHIQUE-CHIQE DE CASSIMIRO MACHADO NETO.

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