(Por Gervásio Lima) - Por um rápido, muito rápido, momento, me chamou a atenção quando li em um texto produzido por um dos chefiados da alcaide municipal, que diz “a Prefeita de Jacobina, Valdice Castro, subiu o monte acompanhada de amigos, e do Padre Elielton, da Paróquia de Santo Antonio”. Que legal, pensei, a Prefeita virá de perto, bem perto, o que todo visitante encontra quando sobe as escadarias da Serra do Cruzeiro .
A alegria durou pouco. Ao continuar lendo descobrir que a visita fora realizada durante à noite, na ‘Caminhada da Luz’, um dia antes do início da ‘farra de vinhos’ e do castigo sofrido por algumas árvores nativas (vagens de leguminosas são arrancadas e colocadas ao pé da cruz com nomes gravados e galhos do cambuí acompanham as pequeninas frutas nas mãos dos catadores). A pouca luz da Caminhada, por conta da ínfima quantidade de participantes, não foi suficiente para a chefe do Executivo Municipal ver o ambiente labreado. Todos os anos os mesmos erros acontecem e, como se não existisse, apesar do tamanho, a Serra do Cruzeiro, durante o período da Semana Santa, época em que um dos principais cartões postais de Jacobina recebe o maior fluxo de visitantes, principalmente dos participantes do que também poderia ser um dos maiores espetáculos religiosos da Bahia, nunca recebeu a atenção que deveria, desde a construção de sua lendária, turística, criticada e hoje elogiada e turística, escadaria da Serra do Cruzeiro .
A ausência do poder público municipal no dia da tradicional subida à serra é visível ano após ano. Inexplicavelmente, serviços como o de saúde, segurança e orientação à população da cidade e turistas para causas ambientais e outros não são disponibilizados. Nem se quer um toldo para as pessoas se proteger do sol ou da chuva é instalado no alto da serra. Famílias inteiras se fazem presentes, inclusive com crianças acompanhando, mas nem isso sensibiliza o governo municipal. O que poderia servir para proporcionar lazer e demonstração de fé, serve infelizmente para demonstrar a deprimência da cidade. Assim como o ecológico, o turismo religioso é uma utopia. Sem visão desenvolvimentista a protótipo da administração municipal comete o despropério de nem se quer discutir ou explorar de forma sustentável e responsável os recursos naturais e culturais do município.
Pelo menos uma coisa nos conforta, e nenhuma má ou boa administração conseguirá destruí, apesar d sujeira, o abandono, a desordem, aliada à bebedeira encontrada no cume da serra não ofuscam a contemplação de uma das mais belas paisagens da Bahia. Em tempo - A matança das árvores não deixa dúvidas da irresponsabilidade ecológica e da insensatez da administração pública. Chega a ser ridículo utilizar como tema da Micareta a necessidade de se preservar o meio ambiente. Uma contradição típica dos que utilizam dos incautos para seguir aplicando suas artimanhas .
FONTE : XIQUESAMPA // GERVÁSIO LIMA, JORNALISTA E NOSSO COLABORADOR .