Estudo feito pela Universidade de Brasília (UnB) em 2018 com objetivo de entender os processos de surgimento de cidades, resultantes do avanço da fronteira econômica no interior do Brasil, apontou os distritos baianos de Rosário em Correntina, e Roda Velha em São Desidério, como dois municípios que vão surgir em breve graças ao desenvolvimento agrícola do oeste baiano. O trabalho foi coordenado pelo professor Vicente Barcellos, arquiteto, urbanista, mestre em Planejamento Urbano e doutor em Estruturas Urbanas e Ambientais. Em um artigo científico sobre o tema, Barcellos destaca os dois distritos baianos, entre outros milhares espalhados pelo país, como localidades que surgiam dos novos e intensos fluxos econômicos e sociais resultantes do avanço da produção de grãos no cerrado. “Os dois povoados se situam no oeste da Bahia, em uma região que parecia até pouco tempo esquecida pelos fluxos econômicos e sociais, mas, nas últimas décadas do século 20, inseriu-se nos processos de uma moderna e tecnificada produção agrícola. Foram esses processos que deram uma nova dinâmica à urbanização da região”, ressalta Barcellos, no artigo.
O estudo comprova o que investidores do agronegócio e do mercado imobiliário já haviam percebido: as semelhanças do crescimento e desenvolvimento de Rosário com o município baiano Luís Eduardo Magalhães, que há alguns anos era distrito de Barreiras. Segundo a pesquisa, o dinamismo econômico fez com que um modesto povoado, ao redor de um posto de combustíveis na BR-020, com o nome de Mimoso do Oeste, se transformasse em município pujante e adotasse o nome de Luís Eduardo Magalhães, em homenagem ao deputado baiano que morreu em 1998. A análise compara ainda os dois distritos do oeste da Bahia com cidades que surgiram na década de 1980 em Mato Grosso, também em consequência do desenvolvimento agrícola. Esses municípios receberam muitos migrantes dos estados do Sul do país, principalmente do Rio Grande do Sul e do Paraná.
Grãos:
No artigo de Barcellos, Rosário é apontado como um distrito que inevitavelmente se transformará em cidade por causa do forte desenvolvimento econômico impulsionado pela produção de milho, soja, algodão e outros grãos. Outros aspectos que ajudam a incentivar esse crescimento urbano, tal como ocorreu com Luís Eduardo Magalhães, é a origem em um posto de gasolina usado como ponto de parada e a ausência de cidades às margens da BR-020, em longos trechos. O estudo enfatiza que a localização privilegiada de Rosário, às margens da rodovia, na divisa entre Goiás e Bahia, favorece que o distrito se transporte em um polo de suporte para quem passa pela BR-020. Segundo a pesquisa da UnB, a cidade goiana de Posse, que fica bem na divisa com a Bahia, embora esteja próxima do povoado, está distante da rodovia e, portanto, todo o fluxo de veículos pesados passa por Rosário.
Loteamentos:
A pesquisa aponta ainda que loteamentos começaram a surgir no distrito em 2009, o que deve impulsionar o crescimento habitacional. Distante 200 quilômetros da sede de Correntina, Rosário se ressente da falta de investimentos da administração municipal.“O principal entrave ao desenvolvimento do povoado de Vila Rosário se deve, em grande, à sua não admissão na condição de distrito da cidade de Correntina. Essa tentativa de ignorar essa situação tem conduzido a uma quase total ausência no município, no sentido de organizar seu desenvolvimento e resolver as mais simples carências, como drenagem pluvial e pavimentação das principais ruas”, assinala Barcellos, no estudo.
FONTE: AGRO EM DIA.