Sito no Município de Xique-Xique(BA) e distando 12 km ou 2 léguas de sua sede, a Fazenda Carnaúba, tendo por cenário um riacho perene, uma extensa mata e belos coqueirais, é um verdadeiro oásis encravado no Sertão. Se você já banhou ou pescou no riacho grande, fez caçada de bandolas, tatus, caititus ou onças, comeu muita "água" ou dançou muito forró ao Som de Olavo, Erisvaldo e Nelson nas festas juninas da casa de D.Jacy, D.Alzira, Véio Amando, Colina, Salvador Teixeira, Zézinho, Cuscuz, Casa Grande da Familia do Saúdoso Geraldo Carioca ou no Colégio da Fazenda vivenciou o verdadeiro festejo junino com fogueiras, quebra-pote, dança do cocô e muito fogueteiro .
Quem de lá num jogou futebol defendendo as cores da camisa do time sob o comando - e os xingamentos tambem do mestre-mor e inesquecível Flavinho, ou se vc simplesmente conheceu as figuras ímpares do lugar, a exemplo de Vandinho, Ricardino, Delegado Cesário, Laura, Anizinho, Antônio de Mário, Bicudo, Nêgo Gato, Fussura de Nico, Saguim, Homão, Domingão, Domingo Cobra, Osmar, Colombo, Geraldo Carioca, Zezinho, Pedrito, o Velho Anísio, e outras personalidades ilustres desse lugar agraciado por Deus. Saúdades de lá .
Poesia: Pequena parte da grande obra de um Carnaúbano chamado Salvador Teixeira .
Quem nasce nesse mundo
Com certeza traz uma sina
Quase sempre me recordo
Das nossas viagens a colina
Naqueles noites negras
Quando seguiamos pra lá
Você dormia em rede de pano
E eu numa de caruá
Ali nós dois sozinhos
Ficavamos a conversar
Ouvindo o som da radiola
E o canto da sabiá
Depois da meia noite
Nós resolviamos dormir
Levantando às seis horas
Com o canto da jurití
Descendo para o riacho
O rosto fomos lavar
E no descer da ribanceira
O sapo já tava lá
Ali triste acocorado
Olhando as águas correr
Não sei o que será de mim
Se a colina alguém vender
Moro aqui a muitos anos
Nesse pé de mulungú
Sofri muitas consequências
De cascavel e jaracuçu
Eu prefiro morar aqui
Mesmo em mata de espim
Mas não como agregado
De pernambucano e Chiquim
Sapo veio seguiu viagem
Acompanhando o beiradão
Com a troxa na cabeça
E com sacola na mão
Saiu vexado e aporrinhado
Que esqueceu até a ceroula
Ontem roça de capim
Hoje plantio de cebola
Sapo veio quando saiu
Foi em direção ao sul
Chegando nessa jornada
Na barragem de Raul
Lá ele chegando
Hospedou mais o caçote
Más quando ligaram o motor
Tornou arrumar o malote
Sapo veio quando saiu
Pro sabiá deixou um escrito
Vou arranjar hospedagem
Lá roça de Pedrito
Quando chegou na porteira
Viu muita plantação
Diabo se não é roça de cebola
É de plantio de feijão
Não tendo outro recurso
O jeito foi dar no pé
Vou ver se acho sussêgo
No riacho de Beré
Cheguei lá a meia noite
E me hospedei numa barraca
Quando foi as seis horas
Chegou Delicio e Casaca
Eu já não aguento mais
Com tamanha agonia
Vou passar lá por bem fora
Do riacho de Jonias
Vou fazer minha caminhada
Bem no passo da coãn
E procurar agasalho
Na fazenda jatinã
Eu não sei se é minha sorte
Nem tanbém se é minha sina
Vejam só quem encontrei
Antônio de Mario e Erminia
Aqui achei sossêgo
E me dão até café
Porém o que me aperreia
É a indaga da caribé .
Por André Teixeira e Anderson Britto, adaptação Adriano Britto .
"A história foi originada pela venda da Colina por meu tio Fernando a Chiquim. Tio Salvador começa a poesia falando da amizade dele com Tio Fernando, quando ficavam na Colina fazendo farra ao som da radiola", Gegê Teixeira .
FONTE: XIQUESAMPA .